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A beleza do impossível em Viseu

As coisas incríveis acontecem-nos poucas vezes na vida. Conhecermos a nossa cara-metade, fazer aquela viagem que estava na lista de desejos desde sempre, apanhar o pôr do sol perfeito. A primeira vez é uma bênção, a segunda é uma grande sorte, a terceira parece virtualmente impossível.

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As coisas incríveis acontecem-nos poucas vezes na vida. Conhecermos a nossa cara-metade, fazer aquela viagem que estava na lista de desejos desde sempre, apanhar o pôr do sol perfeito. A primeira vez é uma bênção, a segunda é uma grande sorte, a terceira parece virtualmente impossível.

No entanto, na última década, a cidade de Viseu foi considerada a melhor cidade para viver por três vezes: em 2007, em 2021 e em 2022. Esta distinção, atribuída pela DECO Proteste todos os anos, analisa as cidades portuguesas com a melhor qualidade de vida, balançando fator estão distintos quanto mobilidade, custo de vida ou cultura. Assim, e se esta é uma cidade tão boa para viver, como será visitá-la?

Viseu e os seus vários atributos

Fizemos a nossa ponderação e, spoiler alert, é uma experiência igualmente agradável. Localizada na região da Beira Alta, a cidade de Viseu concentra em si vários atributos. O primeiro está ligado à sua origem e a uma visita muito especial que recebeu no século I a.C.Viriato, líder das tropas lusitanas na época das conquistas romanas terá passado por esta terra e até travado algumas batalhas. Assim, Viseu assume-se como a Cidade de Viriato, dedicando a ele vários monumentos, nomeadamente o monumento a Viriato e a Cava de Viriato, uma imponente fortificação. Para além disto, o património artístico e cultural viseense é marcado pela arte sacra. Assim, a visita ideal a esta cidade tem, obrigatoriamente, de incluir a entrada na majestosa Sé Catedral que começou a ser construída no século XII.

Aqui, o destaque não vai só para a sua arquitetura, onde se destacam os estilos gótico, manuelino e barroco, mas também para o Museu da Arte Sacra, instalado no andar de cima da Sé, onde está exposto o antigo tesouro desta instituição, e para o Passeio dos Cónegos, um alpendre localizado claustro superior da catedral que permite uma vista panorâmica sobre acidade. Por ser na parte mais alta da cidade, pode ser um desafio chegar à zona da Sé. A pensar nisso, foi construído o funicular que permite subir do recinto da feira de São Mateus para a Sé (ou vice-versa, claro) sem pôr em causa o resto dos planos para o dia. No entanto, e já lá em cima, esses planos podem ficar-se pela parte alta da cidade. Mesmo em frente da Sé temos a Igreja da Misericórdia, que impõe respeito não só pela sua escadaria, mas também pelos trabalhos em talha dourada no interior e pelo enorme órgão de tubos, que resistiu a um violento incêndio no século passado.

Também aí está exposto o espólio de arte sacra da Santa Casa da Misericórdia de Viseu, uma visita que pode (e deve ser) feita como complemento ao Museu da Sé.

Para último ficou a pérola mais brilhante da cidade, o Museu Nacional Grão Vasco. Este merece uma visita, não só pelas peças inéditas que tem em exposição e que dão uma ideia da magnitude e espetacular idade que este tipo de arte pode ganhar, mas também para perceber um pouco mais desta ligação da cidade com a arte sacra. A atenção maior está no artista que dá nome ao museu, Vasco Fernandes, o Grão Vaco, que além de ser natural desta cidade, concentrou muitos dos seus aprendizes. Depois destes três marcos da cidade visitados, o percurso não tem de sair da zona da Sé para continuar a ser fascinante. O desafio que fica é perdermo-nos pelas ruas desta zona histórica onde ainda abunda o comércio local e se pode ver arte urbana ao lado de pedaços da história arquitetónica nacional como são as janelas manuelinas. É o exemplo da mítica Rua Direita, onde todas estas eras convivem em plenitude. A descida desta zona pode ser feita através da Porta do Soar, um dos elementos remanescentes da antiga Muralha de Viseu e os seus atributos.

Melhor aliada desta visita é a app Walk Viseu

De museus a monumentos passando por pequenos apontamentos históricos, percebemos que possa ser difícil lembrar e encontrar todos os pontos de interesse em Viseu. Assim, a melhor aliada desta visita é a app Walk Viseu que disponibiliza de forma gratuita vários guias que, através da localização do nosso smartphone, nos dizem automaticamente onde estamos e nos apresentam uma explicação em áudio. A app também está construída de forma que cada visita equivalha a um ponto, sendo que o objetivo final é conseguir obter o máximo de pontos. Passando ao segundo atributo, podemos afirmar que há poucas cidades em Portugal onde o compromisso entre o urbanismo e o paisagismo está equilibrado. É verdade que precisamos de monumentos, bons restaurantes, infraestruturas sólidas e bons hotéis, mas uma cidade também é feita de espaços verdes. E em Viseu não faltam, sendo considerada a cidade-jardim. Cada rotunda, cada canteiro, cada espaço livre é um motivo para ali se criar um verdadeiro jardim. Destaca-se o Parque da Cidade, o Jardim Tomás Ribeiro, um ponto central do Rossio a par com o Painel de Azulejos de Joaquim Lopes, e o Parque do Fontelo, o pulmão da cidade.

Por fim, e como já sabemos que em Viseu as coisas boas vêm sempre em grupos de três, esta é também considerada a cidade vinhateira, por estar no coração do Dão. Aqui é possível visitar o Solar do Vinho do Dão, onde as provas de vinho são rainhas, ou optar por conhecer o terror e os produtores a cada refeição, sentados à mesa do restaurante. Como companhia, a gastronomia tipicamente beirã, que passa pelo cabrito e pela vitela – protagonistas n’O Cortiço –, e até pelos bolos, como o típico Viriato e os Pastéis de Feijão– imperdíveis na Confeitaria Amaral. Assim, imaginar um dia de passeio por Viseu é tão simples como contar até três – património, espaços verdes e comida. Parece então que acontecerem três coisas incríveis de seguida não é assim tão impossível.

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